domingo, 18 de março de 2012

O Sonho Brasileiro

O projeto O Sonho Brasileiro percorreu 123 cidades de 27 estados do país para realizar uma pesquisa com jovens de 18 a 24 anos. O objetivo principal da pesquisa foi perceber os sonhos que os jovens têm para o Brasil a partir da seguinte questão: Qual o seu sonho para a nossa nação?
Abaixo o vídeo - manifesto da pesquisa. A pesquisa completa em PDF pode ser encontrada no site http://osonhobrasileiro.com.br/.


Um comentário:

  1. O video é legal e bem intencionado na tentativa de pensar o presente, apesar dos muitos lugares-comuns, principalmente sobre os anos 60 e 80, reforçando algumas matrizes discursivas do imaginário sobre a juventude que tende a hierarquizar décadas e insistir no lugar da juventude como o lugar da revolução, da transformação, aqui caberia uma leitura do Culturas Juvenis do Machado Paes ou até da Janice Caiafa para identificar essas matrizes discursivas e pensar juventudes como formas de subjetivação nos movimentos sociais, nas artes, nas práticas cotidianas e nos saberes que produziram a(s) juventude(s) como um objeto . Assim, esse video numa tentativa de diagnosticar o presente é também uma subjetivação, uma instalação, do que pensamos que somos em comparação com os outros do passado: é um video sobre o presente que joga com o atual e o virtual, o que ainda somos e o que estamos em vias de ser. Esse exercício de um pergunta pelo presente, tal como falaria Foucault, consiste no exercício de uma ontologia histórica de nós mesmos. Falo de nós, porque tenho o jovem nao como um outro distante, mas um desses outros que me atravessam também, nas linhas das juventudes intermináveis (Canevacci).
    Eu ainda nao consegui ler a pesquisa inteira, mas espero que ela seja mais interessante do que o video, pela metodologia, acho que provavelmente sim, se houve uma preocupação mais qualitativa para garantir um maior aprofundamento etnográfico dos dados.
    Bem, nao acho que a hiperconexao criou um pensamento coletivo tao bonitinho como aparece no video, o que vemos com a hiperconexao teria mais a ver com uma ideia de contágio, de difusao, de hibridizacao. Explico-me: com a hiperconexao você tem como contra-efeito a producao de desconectados, pois a conectividade nao chega democráticamente, e mais ainda, dentro do grupo dos conectados, você tem os desatualizados. As culturas virtuais abrem uma possibilidade de conexao, da qual nao temos ainda uma ideia clara sobre, por, o que estao fazendo com os nossos dados, eu conecto-me na rede e me fragmento, me desubjetivo de várias formas e me subjetivo em outras. Talvez aí seja um ponto para a reconceituar a nocao de ator social, a qual eu penso que aparece no video concebida de uma maneira muito clássica, como agente transformador. O palco da hiperconexao é o palco ainda das culturas Xtremas (Canevacci), de novas experimentações com os corpos e os afectos, mas pode também ser extremas na propagação do ódio, do racismo, da violência, por exemplo, penso o fenômemo contemporâneo do bullying que se hiperbolizou com o uso de novas tecnologias um exercício coletivo de anulacao do outro e da diferença associados a um prazer coletivo. Dentro desses fenômenos os objetos tecnológicos nao sao instrumentos, mas subjetividades...
    Para mim o desejo é uma producao social. E o que se produzem nesses novos vínculos, enredamentos sao outros atores sociais é a pergunta que devemos fazer a nós mesmos, descentrando os sonhos dos sujeitos e pensando, como se produzem esses sonhos? O que é sonhar no mundo contemporâneo?



    Kaciano Gadelha
    (Universidade Livre de Berlim)

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